terça-feira, 5 de agosto de 2008

O abismo negro de sonhos esquecidos


Todas as coisas de que falo estão na cidade entre o céu e a terra. São todas elas coisas perecíveis e eternas como o teu riso a palavra solidária, a minha mão aberta ou este esquecido cheiro de cabelo que volta e acende a sua chama inesperada no coração.
Todas as coisas de que falo são de carne como o verão e o salário. Mortalmente inseridas no tempo, estão dispersas como o ar no mercado, nas oficinas,nas ruas, nos hóteis de viagem.
São coisas, todas elas,quotidianas, como bocas e mãos, sonhos, greves,denúncias,acidentes do trabalho e do amor. Coisas,de que falam os jornais às vezes tão rudes às vezes tão escuras que mesmo a poesia as ilumina com dificuldade.
Mas é nelas que te vejo pulsando,mundo novo,ainda em estado de soluços e esperança.